6 questões que deves fazer antes de comprar roupa nova

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Neste último dia da Fashion Revolution Week 2018, deixo-vos uma publicação muito prática. Ser um consumidor consciente não é mais que ter em atenção algumas questões na hora de comprar roupa nova – que podem, muitas vezes, fazer com que se perceba que, afinal, não se precisa assim tanto daquilo que queriam comprar. Cada vez mais é preciso termos em conta os custos sociais, humanos e ambientais daquilo da nossa roupa, por isso, antes de comprar, façam a vocês mesmos estas perguntas:

  1. Preciso realmente desta peça?

Pergunta básica mas que pode fazer toda a diferença. Será que precisam mesmo da peça que querem comprar? E vamos atender à definição da palavra precisar: “precisar” é o contrário de capricho. Não é “eu preciso daquela blusa porque combina com as calças pretas”. Isso é querer. Querer vs. Precisar. Acessório vs Essencial.

Coloquem a vossa compra em perspetiva. Não caiam em tentação só porque está barato ou porque a peça é “mesmo bonita”. Nunca será um bom negócio se não precisarem dela (tradução livre do inglês “it’s not a good deal if you don’t need it”).

  1. Quem fez esta peça?

Já falamos sobre a importância desta questão aqui. Perceber quem fez as vossas roupas dá-vos o poder de apoiarem marcas com valores e práticas que vão de encontro aos vossos ideais. Não se esqueçam que cada compra que fazem é um voto, e com ele estão a apoiar e a concordar com as práticas e modos de produção de uma determinada empresa.

  1. O preço é justo?

Muito ligada com a questão anterior, mas que vai ainda mais fundo. Já se questionaram se pagar 5€ por uma camisola numa qualquer marca de fast fashion é justo? Já pensaram na cadeia de produção e de distribuição que está por trás? Não nos devemos esquecer que a maior parcela daqueles 5€ são lucro da marca. Vamos dizer que é 50% (o que, na maioria dos casos, é um valor manifestamente baixo). Isso deixa-nos com 2,5€ para distribuir entre cultivo e apanha da matéria prima, tecelagem, tingimento, todas as etapas produção da peça, transportes, etc. Não é preciso saber matemática para se perceber que algo de errado se passa neste modelo. Da próxima vez que forem às compras, ponham-se no lugar das pessoas que fizeram a vossa roupa e pensem: este preço é justo?

  1. A marca é transparente?

Se as duas perguntas anteriores vos deixaram confusos e não conseguiram perceber a) quem fez as vossas roupas e b) se o preço que estão a pagar é justo, comecem a fazer pesquisas simples aos websites das marcas de que gostam. Tentem perceber quais são as políticas sociais, humanas e ambientais que adotam. Se não gostarem do que descobrirem, ou se não conseguirem descobrir nada, contactem diretamente as marcas. Façam perguntas. Sejam inoportunos. Podem ver como o fazer aqui.

  1. É uma peça intemporal ou “da moda”?

Esta pergunta parece sem nexo, mas tem tanta lógica como as anteriores. Pensem comigo: quando se compram peças tendência de uma estação a probabilidade de as usarem na seguinte é bastante reduzida. E não vale a pena acreditarmos nas desculpas que damos a nós próprios: sabemos perfeitamente que não isto vai acontecer. Por isso, no momento de compra, escolham peças intemporais, que possam utilizar durante um longo período de tempo. Desta forma, conseguem diminuir de forma simples e eficaz o número de peças que precisam de comprar ao longo do tempo.

  1. Vou usá-la pelo menos 30 vezes?

Em estreita ligação com o número anterior, esta questão permite-nos perceber se a peça que estamos a comprar é de qualidade, ou se é mais uma peça que se vai estragar ao fim de duas ou três utilizações.

‘30’ é apenas um número indicativo e serve como forma de balanço, mas não se esqueçam que a longevidade das peças é um fator fundamental para um roupeiro consciente. Se comprarem uma peça de qualidade e que consigam vestir mais de 30 vezes, estão a evitar comprar 4 ou 5 que se vão estragar em meia dúzia de utilizações. Se forem fazer as contas, vão descobrir que provavelmente gastam mais dinheiro a comprar estas 4 ou 5 peças de menor qualidade, do que uma de qualidade superior. Nem sempre conseguimos ver isto, mas isso não faz com que não seja verdade.

Deixo ainda uma como bónus:

  • Estou a comprar por impulso?

Por favor, não façam compras por impulso. A probabilidade de usarem a peça uma vez e depois a deixarem perdida no roupeiro ou deitarem fora é muito elevada e os custos ambientais desta prática são enormes! Por isso, por favor, não façam nunca compras por impulso. Por mim, pelos trabalhadores que são explorados para fazer a nossa roupa barata, pelos impactos ambientais que estão a causar, pelo planeta. Simplesmente… Não.

E lembrem-se: a Fashion Revolution Week pode ter acabado, mas estes hábitos são para ser integrados e mantidos nos nossos hábitos de compra aos bocadinhos.

Mas nada temam, ainda vamos ouvir falar muito sobre a indústria da moda aqui no Âncora! Para já, podem consultar todas as publicações que já fiz no âmbito deste tema, aqui.

 

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