Negócios e Sustentabilidade

PORQUE É QUE TODOS OS NEGÓCIOS DEVEM ABRAÇAR A SUSTENTABILIDADE?

Com o aumento do foco em torno dos temas ligados à sustentabilidade e às alterações climáticas, a atenção tem começado a estar cada vez mais virada para um grupo de atores com um papel preponderante na resposta a estes desafios: as empresas.

Enquanto uma aposta na sustentabilidade e em processos mais eficientes pode trazer inúmeras vantagens aos negócios, a verdade é que ainda existe muita renitência em fazer uma transição justa para este tipo de soluções mais ambientalmente responsáveis por parte de algumas empresas, quer seja por desconhecimento, por falta de recursos ou por falta de visão estratégica.

Com a luta ambiental a passar para primeiro plano, a aposta na sustentabilidade já não é uma opção, mas antes uma obrigação moral do tecido empresarial a nível mundial. De forma simples, esta nova forma de ver os negócios permite a criação de valor tendo em consideração como é que determinada organização opera no seu ambiente social, económico e ecológico.

O PAPEL DOS CONSUMIDORES

Nos últimos anos, os países ocidentais têm assistido a uma reviravolta na forma como os cidadãos abordam o ato de consumo: as preocupações ambientais estão cada vez mais na ordem do dia e as decisões de compra estão a passar a ser tomadas com base em critérios ecológicos e sociais que antes não eram tidos em conta. O consumidor está cada vez mais informado e dá prioridade a produtos e empresas que considera responsáveis a todos os níveis.

Ainda assim, é necessário o devido disclaimer: dificilmente vamos combater os problemas relacionados com as alterações climáticas através destas abordagens, muito porque é realmente necessário que a ação a tomar seja urgente e concertada, aliada a uma mudança total nos padrões de consumo individuais, onde se deveria verificar uma grande desacentuação do consumo nos países ocidentais. Do mesmo modo, o consumismo verde é cada vez mais uma tendência que se tem vindo a apropriar deste novo tipo de consumidores com preocupações ambientais e, enquanto nos deixa de consciência tranquila no momento de compra por estarmos a optar por alternativas mais conscientes, dificilmente chegará ao cerne da questão, já que o foco continua (quase) sempre a ser a venda.

Disclaimer feito, o papel dos cidadãos continua a ser preponderante para alavancar este tipo de mudanças no mercado e para permitir que estas novas soluções passem a ser a norma em vez das alternativas.

BENEFÍCIOS DA SUSTENTABILIDADE NOS NEGÓCIOS

Como qualquer estratégia empresarial, não existe uma solução única ou fechada quando se fala em sustentabilidade, dependendo muito de empresa para empresa, do seu contexto e da sua área de negócio. Ainda assim, e tendo em conta esta multiplicidade de formas que a sustentabilidade empresarial pode abranger, podem-se identificar alguns benefícios comuns por se começar a adotar estas estratégias, tais como:

  1. Redução de custos operacionais – integrar a sustentabilidade no dia a dia dos negócios pode mesmo gerar poupanças significativas para as empresas, ainda que inicialmente possa ter de existir um maior investimento. Práticas otimizadas de gestão de resíduos, adoção de princípios de economia circular, onde se preza a valorização de recursos que outrora seriam considerados desperdício, ou a aposta numa maior eficiência energética são apenas alguns exemplos daquilo que pode ser feito a nível empresarial.
  2. Aumento da reputação – as empresas vivem da imagem que criam na mente dos consumidores e é cada vez mais frequente que estes façam escolhas em detrimento das questões sociais e ecológicas por trás de determinado produto ao invés da marca em si. O grupo LEGO, por exemplo, conseguiu subir ao lugar número 1 do ranking das empresas com maior reputação no que diz respeito à responsabilidade corporativa no ano de 2019 devido, entre outros fatores, à sua decisão de começar a produzir legos a partir de fontes plant-based. Uma aposta assertiva e real na sustentabilidade mostra ao mercado que a empresa se importa com algo mais que apenas o lucro. O marketing verde é cada vez mais uma tendência e está aqui para ficar (não confundir com greenwashing).
  3. Vantagem competitiva – a aposta na sustentabilidade pode ser ainda vista como uma vantagem competitiva – tanto pela junção dos dois pontos anteriores, como algo per se. Pensemos, por exemplo, em empresas tecnológicas que criam soluções para ajudar a combater as alterações climáticas ou mesmo empresas de setores tradicionais que desenvolvem métodos de produção inovadores e mais eficientes face aos existentes. Para além da óbvia vantagem que estas empresas poderão ter no mercado, estes ativos podem ainda ser valorizados através de corretas estratégias de proteção de propriedade industrial, podendo representar uma fonte extra de rendimento para estas empresas.

TRANSPARÊNCIA

O crescente desejo dos consumidores em apoiar negócios social e ambientalmente responsáveis vem com uma grande responsabilidade para as empresas: a transparência é agora, mais do que nunca, um pré-requisito obrigatório para avaliar as práticas de sustentabilidade dos negócios.

Infelizmente, tem existido uma cada vez maior tendência por parte das empresas em fazer afirmações falsas ou que não podem ser verificadas, da omissão de determinados atributos de um produto em detrimento da divulgação de outros ou da utilização de argumentos irrelevantes na comunicação das marcas, fazendo com que comece também a existir alguma desconfiança por parte dos cidadãos mais atentos. Todos estes exemplos fazem parte de uma prática denominada greenwashing, da qual falarei num novo artigo, mas que engloba tudo aquilo que NÃO devemos fazer enquanto empresa na nossa comunicação externa relativa a práticas ou produtos mais sustentáveis.

A transparência é fundamental e estas afirmações ambíguas ou falsas podem deitar abaixo os reais esforços que possam existir por parte da empresa em tornar-se mais ambientalmente responsável. Comunicar a sustentabilidade deve ser algo que é feito com seriedade e transparência, sempre com um total respeito pelo cidadão-consumidor.

A transparência é também um ótimo indicador para o mercado, já que vai potenciar e alavancar que outros negócios comecem também a adotar esta estratégia.

Apesar de ser claramente uma tendência, a verdade é que não nos podemos dar ao luxo de pensar num futuro em que a sustentabilidade não esteja incluída em todas as decisões e em todos os processos produtivos das empresas. Precisamos que isto se torne a realidade em todos os negócios e em todas as indústrias, que passe a ser a norma e não a exceção. E a forma como comunicamos esta sustentabilidade e estes novos negócios ecológicos dá pano para mangas e será tema para novo artigo.

Até lá, caso necessitem da minha ajuda para perceber de que forma o vosso negócio pode abraçar a sustentabilidade ou caso estejam a ter dificuldade na definição de uma estratégia de comunicação para a sustentabilidade, escrevam-me para ancora@ancoraverde.pt

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *