Hoje atingimos o Earth Overshoot Day de 2018. Isto significa que em apenas 8 meses, já esgotamos todos os recursos naturais que o planeta é capaz de renovar num ano.
Desde que o planeta entrou em sobrecarga pela primeira vez, no início da década de 1970, o Earth Overshoot Day tem sido assinalado cada vez mais cedo: em 1997 ocorreu no final de setembro e este ano assinala-se a 1 de agosto. Por outras palavras, atualmente, é exercida uma procura 1.7 vezes superior à capacidade de regeneração dos ecossistemas.
Emitimos mais dióxido de carbono para a atmosfera do que aquilo que os nossos oceanos e florestas podem absorver. Pescamos e colhemos mais e mais rapidamente do que aquilo que conseguimos reproduzir e fazer reflorescer.
Os danos causados por esta nossa utilização excessiva dos recursos são cada vez mais evidentes a nível mundial, mas principalmente nos países em desenvolvimento: desflorestação, escassez de água doce, erosão do solo, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na atmosfera. Por sua vez, estes danos acentuam e dão origem a fenómenos, tais como as alterações climáticas, secas severas, incêndios florestais ou furacões.
Overshoot Days por país, 2018
Este dia não se assinala, no entanto, na mesma altura para todos os países. Portugal, por exemplo, já ultrapassou este limite no passado dia 16 de junho, enquanto o Vietname apenas o irá ultrapassar a 21 de dezembro.
Se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que Portugal, seriam necessários 2,3 planetas para sustentar o nosso estilo de vida atual. Mais do dobro. Se nada mudar, continuaremos todos os anos a assinalar esta data cada vez mais cedo, até ser tarde demais para revertermos o processo.
Por cá, as atividades que mais contribuem para a pegada ecológica são o consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18% da pegada).
#MoveTheDate: mover a data rumo à sustentabilidade
Neste momento, acredita-se ainda ser possível inverter esta tendência. Se adiássemos esta data 5 dias todos os anos até 2050, seria possível voltar a usar os recursos de apenas 1 planeta. Pode parecer uma tarefa hercúlea, mas, só para dar um exemplo, se reduzíssemos o consumo de carne em 50%, já conseguiríamos ganhar estes 5 dias extra.
A redução no uso de materiais, a promoção da reutilização e a extensão dos tempos de vida dos bens e equipamentos também são pontos fulcrais a ter em conta.
Importa também mudar o paradigma do consumo linear “produzir, usar, deitar fora” e passar a privilegiar a qualidade ao invés da quantidade.
Ainda vamos a tempo, mas precisamos de começar já. Vamos a isso?