Celebra-se hoje, 22 de Março, o Dia Mundial da Água. Comemorado pela primeira vez em 1993, este dia pretende chamar a atenção para a escassez deste recurso essencial à vida.
Numa altura em que a falta de acesso à água potável e a fraca qualidade da água de muitos rios põem em causa a saúde humana e dos ecossistemas, o Dia Mundial da Água alerta para a necessidade da adoção de estratégias de prevenção da poluição, controlo e recuperação dos recursos hídricos.
Creio ser do conhecimento geral que cerca de 70% da superfície da Terra é composta por água. Isso não faz, no entanto, com que este seja um recurso ilimitado. Muito pelo contrário. Só 2,5% de toda a água existente no Planeta é potável, facto que nos deveria deixar, no mínimo, preocupados.
Tratando-se, à partida, de uma quantidade muito reduzida de água potável para o crescente número da população mundial, nós, humanos, ainda conseguimos fazer uma coisa que considero extraordinária: poluímos e desperdiçamos aquilo de que mais precisamos para viver, sem sequer nos questionarmos duas vezes acerca da sua importância.
Não sou apologista de teorias apocalípticas, mas a escassez de água é um problema mesmo muito sério. Se continuarmos a desperdiçar água a este ritmo, não faltará muito para começarmos a sentir aqui, no nosso Portugal, os efeitos das secas severas que já afetam tantos países à volta do mundo. O caso mais mediático é o da Cidade do Cabo, onde cada habitante está limitado a um consumo máximo de 25 litros de água por dia. Só para termos um termo de comparação, em Portugal, cada pessoa gasta em média 187 litros de água por dia. Só no banho, gastamos à volta de 80 litros. Será que estamos preparados para quando algo semelhante acontecer por cá? Creio que não.
Pode-se argumentar que as grandes perdas de água se dão ao nível da indústria e da agricultura, o que não está errado, mas a verdade é que todos contribuímos para este problema. Cada vez que não desligamos a torneira enquanto escovamos os dentes, cada vez que nos esquecemos de desligar a água enquanto tomamos banho, cada vez que deitamos lixo para o chão (que espero encarecidamente que não façam), cada vez que desvalorizamos notícias de poluição dos nossos rios, cada vez que a tomamos por garantida, estamos a desperdiçar e a poluir.
Está nas nossas mãos mudar estes hábitos e exigir medidas e regulações específicas para a indústria. Está nas nossas mãos lutar pelos nossos recursos, pelos nossos rios, pelos nossos lagos. Está nas nossas mãos não deixarmos que nos vençam. Para as grandes empresas, a água não importa. O rio é só visto como o esgoto. Cabe-nos a nós cuidar. Não deveria ter que ser assim. Mas é – e acreditem que estamos à altura do desafio!
Já não falta muito para água ser o novo ouro ou o novo petróleo. Resta-nos preservar e cuidar do recurso mais precioso que temos.